O primeiro título que imaginamos para este livro foi Um rio de poesia, uma alusão clara, direta e totalmente desprovida de imaginação ao Pajeú e sua tradição de poesia clássica, metrificada, rimada, improvisada ou de bancada. Na primeira fase da primeira resposta à primeira pergunta durante a primeira entrevista, o título mudou. Felizmente.
Pouco depois de Dedé Monteiro receber um prêmio pela melhor vídeo-poesia na Fliporto, perguntei o que o Pajeú representava para sua poesia e sua vida. Uma pergunta óbvia, admito, feita para quebrar o gelo e dar o pontapé inicial na conversa. Dedé começou assim:
- O Pajeú é o rio que não passa.
Uma frase com dois ou três significados a escolher. Uma frase quase poema. Na hora, decidi mudar o título. A fotógrafa e cineasta Tuca Siqueira, a poetisa Cida Pedrosa e o coordenador do projeto, Alexandre Sávio Ramos, toparam. O que não é de espantar, pois a cada viagem de pesquisa pra entrevistar os poetas pelo Pajeú abaixo, de Brejinho a Floresta, fiquei martelando essa tecla.
Demorou uma eternidade de quase três anos desde a última com o surpreendente João Birico na zona rural de Floresta, mas conseguimos imprimir o livro. O financiamento do Funcultura só previa dinheiro para a pesquisa. Zero para impressão. Mas essa é outra história que envolve emendas ao orçamento, empenhos e Fundarpe. Nada muito saboroso para se contar ou se ler.
Quinta-feira, dia 23 de janeiro, depois de amanhã portanto, lançaremos O rio que não passa no Gabinete Português de Leitura, na rua do Imperador, com direito a coquetel e recital a partir das 19h. Não tenho dúvidas que o lançamento vai acabar virando uma homenagem a Zé de Mariano, poeta de Tabira, morto no início do mês.